quinta-feira, 28 de abril de 2011
"Às vezes começo a pensar:
eu queria ter um namorado. Que ele me pegasse depois das aulas em seu
carrinho esporte colorido de dois lugares me levasse por aí, até os
milharais, onde as hastes estivessem altas. Eu queria ter um cara louco
por mim. Perdidamente, inteirinho meu. O tipo do cara que sentasse em
seu carro, sem fazer mais nada, diante da casa da minha mãe no meio da
noite, com os cabelos ainda molhados do chuveiro e vestindo uma camisa
de algodão bonita e limpa. Daí, iríamos ao Oriental nas noites de
sexta-feira e nos sentaríamos lá, no escuro, nenhum dos dois realmente
assistindo ao filme. Ou estacionaríamos diante da praia, deitaríamos na
areia e contaríamos piadas. Enfiaríamos uma barraca de acampar na picape
e iríamos por aí, para qualquer lugar. Tudo o que os outros veriam
seria nossa poeira e fumaça.
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